EDUCAÇÃO - A ação multiprofissional




É recorrente no Brasil, e talvez o seja em outros países, que imediatamente após as tragédias de grande impacto, com lamentáveis perdas de vidas, surjam acalorados debates em torno do fato. Tentando entender e explicar e apresentando ideias e propostas de ações para que novos fatos, como os ocorridos, não mais se produzam. A ainda recente tragédia da escola pública estadual em Suzano reproduz o que aqui chamamos inicialmente de recorrente, isto é, o necessário debate e também as propostas, algumas muito relevantes, merecem atenção redobrada. Os debates precisam trazer melhor entendimento das causas e suas consequências. No impacto social e educacional. Como o enunciado do projeto menciona os campos de Psicologia e Assistente social, mencionando ainda Psicopedagogia, espera-se que haja melhor definição desses campos de atuação, distintos, mesmo quando complementares. Que os Conselhos e instâncias representativas legítimas desses importantes profissionais, sejam ouvidos e possam ter espaço para as definições. O fato é que os que atuam nas redes de ensino sentem necessidade de ações multiprofissionais necessárias para que haja um ambiente educacional, construído e vivenciado por várias competências. Para que, assim, haja efetivo respaldo diante dos desafios do cotidiano escolar. Em tais ambientes os professores e as equipes de gestão enfrentam situações de diversas ordens, ou seja, alunos com diversos desafios pessoais e familiares, alguns em necessidades específicas de inclusão que precisa ir além do apenas matricular burocraticamente, pois trata-se de direito inquestionável serem acolhidos pela escola. Há as situações que decorrem de Bullying , que precisam ser equacionadas. As várias expertises profissionais, como trata o projeto de lei aqui citado bem como de outros profissionais. É o caso de Bibliotecários. A leitura é parte inerente dos processos de formação educacional. Precisa de incentivo teórico e prático. As bibliotecas são espaços que deveriam existir em todas as escolas. Há escolas públicas com acervos importantes, mas o acesso a elas é dificultado ou impossibilitado pela ausência de Bibliotecários. Com tais profissionais, as Bibliotecas poderiam, além de ser espaço específico das unidades escolares, poderiam também atender as comunidades do entorno das escolas. Afinal, a leitura é um importante fator na construção da cidadania plena. Com a realização de várias ações afirmativas.

Diversas questões tornam o ambiente escolar complexo, em múltiplas situações que impactam no processo de ensinoaprendizagem, de alcance na relação docente-discente e, assim, produzem impacto no exercício de busca do conhecimento. Tensões que decorrem de conflitos familiares, antagonismos geracionais e de conceitos conflitantes, presentes na sociedade, da qual a escola é parte. Reflete-se nela em sentidos bidirecionais também na sociedade que se constitui de valores, cultura, comportamento, enfim, movimentos sociais diversos. Lidar com tudo isso requer, de fato, ações multiprofissionais que trabalhem em sintonia de projetos unificados, para que os alunos possam ver na escola um espaço seu. E o diálogo com as famílias, planejado no cenário dessa diversidade profissional, torna-se fundamental. Consta do projeto apresentado, arrazoado que justifica o mesmo e que vale, aqui, destacar. Sobre bullying, “tanto o causador, quanto a vítima carecem de uma orientação psicológica e social”. Segundo a fundamentação do projeto, “o causador do bullying pratica esta violência porque sofre violência ou a vivencia no seio familiar e desta forma busca suas vítimas dentre aqueles que são mais fragilizados”. Diz ainda o texto nas justificativas que “A depressão também pode decorrer do seio familiar”. E sobre outra terrível questão informa que “O suicídio é a quarta maior causa de mortes dos jovens entre 15 a 29 anos no Brasil, perdendo somente por conta da violência e o trânsito e já é tratada pelo Ministério da Saúde como questão de saúde pública.” E não há como discordar que essas questões promovem violência e, como se não bastasse, traz ainda impacto negativo no processo de aprendizagem. Portanto um projeto meritório e urgente que, em efetiva vigência, aposta na articulação de várias competências profissionais nas escolas estaduais na busca de uma sociedade melhor com ações preventivas evitando novas e tristes tragédias.

Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 27/04/2019
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