MARTIN LUTHER KING - Vida significativa e inspiradora

Martin Luther King Jr, cuja trajetória tem significado cada vez maior, recebeu o Nobel da Paz em 1964, aos 35 anos. E ao completar cinco décadas da sua morte, o grande líder da luta por justiça e igualdade foi merecidamente lembrado em várias partes do mundo. O Correio tratou sobre os impactos da sua trajetória e coragem, em um qualificado Editorial. Abril de 1968 registra a triste notícia: o líder do movimento contra a segregação racial dos Estados Unidos, e para o mundo, foi assassinado, com tiros, no hotel em que estava hospedado na cidade de Memphis. Um fato a ser lembrado com tristeza e repúdio. Mas, também e paradoxalmente, pela inspiração que traz a uma luta que se manterá até que a justiça e a igualdade se façam, de fato, realidade para todos os homens e mulheres em todo o mundo. E vidas assim precisam ser sempre lembradas, intensamente, pelo reconhecido legado que deixam para a humanidade e para reafirmar que a luta não acabou. Luther King, que viveu menos de quatro décadas é, indubitavelmente, uma dessas vidas. Faz 50 anos que o célebre reverendo batista foi assassinado. As razões pelas quais lutou, focadas no direito à igualdade racial e suas diversas implicações e desdobramentos, continuam na pauta dos desafios, em seu país de origem e pelo mundo afora.

E vidas significativas como a dele continuam a inspirar homens e mulheres do nosso tempo. Nas lutas pela igualdade racial, contra o racismo e as diversas formas de preconceito, contra a violência, enfim pela dignidade do ser humano. Assim é no Brasil, a luta sem trégua contra a desigualdade e o preconceito. A frase famosa, “eu tenho um sonho”, proferida por ele em 1963, continua ecoando pelo mundo afora, nas mentes, nos corações e nas ações daqueles que buscam, no sonho desafiador, igualdade de direitos. O direito à paz precisa fazer parte do sonho. Assim como a igualdade racial e todas as demais igualdades. Nessa perspectiva, Luther King protestou contra a guerra do Vietnã que ceifou milhares de vidas. E sua influência também aparece em diversas lutas atuais, nos EUA e no mundo, como no movimento "Black Lives Matter" (Vidas negras importam) contra a violência policial. Lutas que mobilizam milhões de jovens para exigir leis mais duras contra o uso de armas. Questões que também estão fortemente em debate no Brasil.

Um aspecto importante na trajetória aqui apreciada é a busca do estreito vínculo entre a espiritualidade, fator inerente a qualquer religião, no caso o protestantismo, com o necessário inconformismo diante das injustiças sociais. Desde os tempos das importantes lutas de Luther King os desafios pela igualdade e pela paz se perpetuam. Tornaramse ainda mais agudas em muitos aspectos. Outras questões se colocaram na lista de enfrentamento. As cidades expressam, em todo o mundo, tais desafios. Faltam moradias, dispositivos para geração e distribuição de renda. Os moradores de rua estão em busca de oportunidades de assistência e de inclusão. As sucessivas guerras e as crises econômicas fizeram surgir ou crescer milhares de refugiados que se espalham nas já problemáticas paisagens urbanas. Diante disso não basta uma religiosidade limitada entre as paredes do templo. A contrição só se faz concreta saindo para as ruas em atitudes e ações que produzam superação de tantos desafios. Isso é marcante no percurso de Luther King. Que a inspiradora e significativa vida, justamente reconhecida, seja sempre uma importante referência. No discurso, na prática e na inspiração.

Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 14/04/2018