Sociedade - O jovem e o voluntariado

O voluntariado, que tem sentido conceitual e prático bastante amplo, visa motivar o cidadão que, inspirado por valores de participação social e de solidariedade humana, disponibiliza talento, recursos e também seu tempo para causas de interesse coletivo. Tem sido isso, em todo o mundo, algo incentivado como fator de melhoria da sociedade, em tempos tão complexos. Importante que tais ações ocorram dentro de uma visão emancipadora em relação àqueles que são alcançados pelos resultados. O trabalho voluntário precisa ter como objetivo criar novos, e positivos, horizontes para os acolhidos, sobretudo no tocante às crianças e aos mais jovens. Mobilidade para uma vida mais digna, direito inerente a todo ser humano. Um mecanismo de efetiva melhoria não pode gerar dependência e comodismo. Enfim, há que ser um meio e não um fim em si. Além de bem informado e consciente da complexidade dos problemas sociais, o voluntário tem que atuar considerando a finalidade de gerar autonomia, estimulando o crescimento da pessoa e da comunidade para resolver seus próprios desafios e problemas. Nesta época do ano, infelizmente de forma efêmera, pela descontinuidade e na diminuição da intensidade verificada na sequência, crescem exponencialmente os movimentos de solidariedade, realizadas por iniciativas e atitudes de voluntariado. O período de Natal e de sentimentos em relação ao novo ano, provocam impacto e adesão aos movimentos de solidariedade. Diversos segmentos da população envolvem-se, por exemplo, em campanhas de Natal Solidário cujos efeitos são importantes. Melhor, então, que sejam permanentes, na mesma dimensão.

O voluntariado precisa ser consolidado como prática constante e, nesse sentido, precisa ser ampliado e renovado. É preciso também que os segmentos mais jovens da população tenham efetivo engajamento nos processos desse importante movimento. Cidadania e participação resultam pelo que se observa, de forma mensurável, para uma sociedade melhor. Dezembro tem em sua agenda o Dia Internacional do Voluntário (5) e também o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10). Datas fixadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), para incentivar duas questões de dimensões vinculadas. Segundo o dicionário o termo voluntário procede do latim voluntarius e designa aquele que age por desejo ou iniciativa próprios. O respeito aos direitos humanos é algo que se impõe e a ação voluntária corrobora para que ocorra. Vontade pessoal somadas potencializam os esforços produzem força significativa e de alcance impressionante.

E, sobre o tema, que boa notícia trouxe recentemente o Correio Popular: o crescimento expressivo do envolvimento em experiências do voluntariado entre a população mais jovem. Segundo a matéria, assinada por Rafaela Dias, considerando o trabalho desenvolvido pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas, nos últimos dois anos, jovens de 22 a 30 anos somaram 80% de um grupo que antes era composto na sua maioria por pessoas acima de 60 anos. Excelente notícia e mostra caminhos para efetivo envolvimento do jovem na construção de uma sociedade melhor, incorporando as experiências anteriores. Nesse contexto, um desafio atual, preocupação dos educadores, é dar motivação para os jovens. A ação voluntária pode ser um importante caminho. Deveria de alguma forma, estar diretamente ou de forma transversal, em conteúdos dos currículos escolares. A aposta no voluntariado como fator de envolvimento e de motivação para os jovens significa acreditar no voluntariado como uma ação para o desenvolvimento da Cidadania. É preciso, sim, ver no voluntariado uma forma de protagonismo juvenil. Um protagonismo que vale para todos aqueles que se voluntariam no esforço que precisa ser amplo, como contribuição para que haja, na sociedade, efetivo respeito aos direitos humanos.

Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 18/12/2017