Professores: tragédia e reconhecimento



O triste episódio na escola infantil em Janaúba, em que vidas foram ceifadas de forma trágica, na maioria crianças, deixou o registro de um ato heroico de uma professora, Heley de Abreu Silva Batista, que morreu queimada tentando salvar crianças. Pelos relatos, não fosse a atitude corajosa da referida professora, a tragédia teria sido ainda maior. Recebe ela e de forma merecida, reconhecimento e condecorações. Que precisam ser consolidadas no aprendizado de lições que o lamentável fato deixa. Triste coincidência que tenha ocorrido bem próximo ao Dia das Crianças e da data comemorativa dos professores. Torna-se, assim, fato representativo e de emblemática dimensão do cuidado que as crianças requerem, e do papel extraordinário que os professores têm junto à sociedade. Que haja conforto e superação para os familiares e amigos. Que o exemplo da pequena Janaúba se perpetue como referência de profissionalismo e de abnegação humana. A dimensão e os contornos da tragédia impactou o País todo. Os concidadãos e alunos da professora Heley certamente lembrar-se-ão dela com orgulho e saudade. O País também.

E como não é raro no Brasil, após a tragédia discutem-se os indícios das possíveis falhas que explicam o fato. Evidencia-se a ausência do necessário sentido de atenção e os aspectos preventivos, na Educação e no segmento infantil em específico. E, ato tão heroico, nos leva a pensar naqueles que passam pela nossa vida tentando nos ensinar. Tanto os conteúdos obrigatórios e lições que em muito ultrapassam esse aspecto mais inerente. Na disposição de tentar interferir positivamente na vida dos alunos, em atitudes humanas que não se aprendem, e nem se compartilham de forma meramente técnica. Não é preciso esperar por novas tragédias para refletirmos sobre o papel que os professores e as professoras têm na vida dos alunos e, assim, o impacto desse valoroso trabalho, o ato de amplamente ensinar. E como a sociedade no coletivo e na individualidade, em seus diversos espaços e instâncias, não trata bem esse profissional que atua no segmento da educação básica, ou seja, anos iniciais, Fundamental I e II e Ensino Médio, base para toda a sequência de formação. O tratar mal se revela em vários aspectos. A falta de uma aliança efetiva e positiva entre família e escola, por exemplo. Acentua-se nesses tempos a violência que atinge os professores. Todo e qualquer ato de violência é inaceitável e, no caso de educadores, absolutamente inexplicável que ocorra.

A escola precisa ser ambiente de paz, e para ela. E o professor, que passa grande tempo de vivência com os alunos, é forte agente e precisa de apoio para que se estabeleça plenamente o processo de construção do conhecimento. E no ato extremo da profa. Heley há o simbolismo desse papel. Papel decisivo no preparo para a vida, no reforço da cidadania e todos os impactos decorrentes. O digno e heróico feito da professora Heley reforça uma importante data que precisa ir além da formalidade. A origem do Dia do Professor está no fato de que, em 15 de outubro de 1827, o Imperador D. Pedro I oficializou o então Ensino Elementar no Brasil, criando as escolas de primeiras letras em todas as cidades do País, nas maiores e nas menores. Além disso, o decreto tratou também de regulamentação dos conteúdos educacionais e sobre as condições trabalhistas dos professores. Situação ainda inacabada uma vez que não faltam reformas na nossa Educação, e a luta por melhores condições para o exercício de uma profissão atemporal, é parte permanente da grande lista de desafios nacionais. Que venha, um dia, a ser de fato prioridade, com resultados concretos. Parabéns, colega Heley. Parabéns, professores!


Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 14/10/2017
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