Adoção afetiva de escolas


O programa de Adoção Afetiva de escolas, implantado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, merece reflexão por parte da sociedade. Os resultados podem trazer forte contribuição, complementar e necessária, no caso, para as escolas públicas estaduais. Tais adoções, de forte caráter social e cidadão, podem acontecer sob muitas formas. Através de igrejas, organizações não-governamentais, empresários, além de espaços ligados às próprias escolas, como organização de ex-alunos. E ainda por grupos de profissionais em associações corporativas. Ressalte-se que cada escola, além do vínculo administrativo e de cumprimento das diretrizes pedagógicas, tem seus objetivos específicos, metas a cumprir e projetos próprios a serem realizados, inclusive relacionados à comunidade próxima a ela. O Projeto Político Pedagógico o PPP, que cada escola possui, deve ter caráter determinante nas relações que vierem a ser estabelecidas no referido programa e nos resultados pretendidos.

Considere-se sempre que a escola pública tem papel preponderante na formação educacional de amplas camadas da sociedade. Há, em virtude disso, forte sentimento de reconhecimento em relação a esse espaço educativo e formativo que, de forma inerente, precisa estar sempre aberto para que se cumpra um direito constitucional, o acesso à educação, fundamental para o desenvolvimento humano. O potencial de ação que há nesse reconhecimento precisa ser canalizado e o programa de adoção pode ser um caminho. Há escolas em que há organizações de ex-alunos bastante atuantes. Isso pode ser incentivado para outras. Fomentar adesão por associações corporativas com profissionais, incluindo empresas e órgãos, cuja formação inicial, base de toda a sequência, deu-se nas escolas públicas. Instâncias que podem liderar um salutar movimento em escolas do seu entorno. Pelo programa esses adotantes podem ser parceiros na recuperação e manutenção de prédios das escolas públicas estaduais e em outras ações que tornem essas unidades educacionais, espaços conservados e sempre adequados para o ensino.

São mais de cinco mil unidades escolares espalhadas por todas as cidades paulistas, administradas por 91 diretorias de ensino. Um patrimônio público, educacional e social, imensurável. Algumas com seus prédios e estrutura geral em bom estado de conservação, outras precisando de reparos e melhorias. Ressalvados os pressupostos de respeito ao traçado pela gestão, docentes e discentes e os colegiados de cada escola, a adoção, como complemento ao que o Estado já investe, é bemvinda. E pode resultar em maior aproximação ds escolas com a sociedade e comunidade adjacente, com a imprescindível participação do conjunto pertencente à unidade escolar. O turbulento momento por que passa o Brasil, pode abrir espaço para melhor compreensão de parcerias sociais necessárias para avanços coletivos. Sabendo que é preciso conter o ímpeto, desastroso por sinal, que considera o gasto com o setor público, como o mal dos males que assolam a economia brasileira. Tal pensamento precisa ser combatido exatamente valorizando o bem público.

O programa de adoção afetiva pode resultar em melhorias do espaço de um imenso patrimônio público. Em reflexões e vínculos com a sociedade. Preservando um bem público para as gerações que virão. A Secretaria, através de José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo, ao abordar o programa, descarta a possibilidade de terceirizar as escolas ou propor modelos de privatização. O que também se garante no protagonismo da escola no encaminhamento da parceria de adoção. Preservar e melhorar um bem público pode ser interesse compartilhado de forma coletiva e efetiva. A adoção afetiva das escolas, nos termos aqui pensados, pode trazer bons resultados.

Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 19/09/2017
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