EDUCAÇÃO - Até quando entre os piores?

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida" (John Dewey).

É inaceitável que o Brasil continue patinando no quesito Educação, sempre com péssima colocação mundial, a cada comparação internacional, o que é reiterado pelos nossos sistemas de avaliações educacionais. Considere-se que está, na Educação, um fator determinante no desenvolvimento de um país e na vida das pessoas. Para que se tenha, de forma efetiva, cidadãos autônomos, conscientização e menos desigualdade social. Pois, a educação brasileira foi, novamente, mal no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, em inglês) promovido, a cada três anos, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde o início do século XXI para mensurar e comparar a intensidade e como os países participantes prepararam seus jovens para ingressar na vida adulta produtiva, e no campo profissional.

Embora tenha havido ampliação do acesso, com mais vagas escolares, a expansão quantitativa de alunos avaliados no nível 2 ou acima, além de um tímido equacionamento nos impactos socioeconômicos sobre o desempenho dos avaliados, continuamos entre os piores do mundo, no fator relevante de desenvolvimento humano. O Brasil continua nas últimas posições, nas três áreas avaliadas, entre os 70 países com aplicação do teste. Em Ciências, que era o foco do estudo da edição recente, o País ficou em 63º lugar. Em 2012, com 65 países analisados, foi melhor. Agora a pontuação foi de 405 para 401 pontos e ficamos na frente apenas de Peru, Líbano, Tunísia, Macedônia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. A nossa melhor posição está em Leitura, com a 59ª colocação.

Em cada edição, o Pisa enfatiza uma das três disciplinas. Em 2015 a ênfase foi em Ciências. No Brasil, a prova é de responsabilidade do Inep - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. O exame do Pisa foi aplicado a 33 mil alunos, na faixa etária de 15 anos, matriculados no final do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio. Os estudantes dos países bem avaliados, como Cingapura, conseguiram ir além das informações apreendidas em sala de aula, usando o conhecimento com criatividade diante de situações cotidianas, estabelecendo relação da aprendizagem com a participação na vida social. Nesses aspectos os estudantes brasileiros ficaram abaixo do necessário nas três disciplinas, evidenciando dificuldades de interpretar, compreender e analisar o que leem. E isso impacta na Matemática, disciplina em que o Brasil teve a pontuação mais baixa nas últimas cinco edições do Pisa, não sabendo solucionar problemas de baixa complexidade.

Em Ciências, dificuldades com informações mínimas para resolução de questões cotidianas. Os resultados revelam que, diante dos problemas qualitativos do Ensino Fundamental e Médio brasileiro, as nossas novas gerações não estão assimilando conhecimentos fundamentais para a vida e seus desafios. Nada de essencialmente novo nesse diagnóstico. Outras avaliações indicam o mesmo. O que fazer?

Valorizar o professor é ponto consensual. Além da questão salarial, qualificar e respeitar seu espaço de trabalho, com políticas educacionais que considerem de forma efetiva, entre outros aspectos, a experiência docente, a realidade escolar que requer melhoria em muitos aspectos, ouvindo os alunos, suas famílias e estabelecendo, com a sociedade, uma profícua relação democrática. Há que se estabelecer também parceria ativa com as universidades, valorizando o saber produzido nas escolas. Dotar as escolas de estrutura educacional como laboratórios e bibliotecas, hoje existentes apenas em pouquíssimas escolas. A pergunta que não pode calar: Até quando entre os piores do mundo?


Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 19/12/2016
EDUCAÇÃO - Até quando entre os piores? EDUCAÇÃO - Até quando entre os piores? Reviewed by Edison Lins on 04:29 Rating: 5
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