Os bons alunos da escola pública



Há bons alunos da Escola Pública. O Correio tem divulgado resultados muito significativos. Uma aluna de uma escola pública de Vinhedo foi aprovada no curso de maior concorrência nos mais disputados vestibulares de instituições públicas. Um grupo de alunos de outra escola pública, localizada na Vila Costa e Silva, em Campinas, obteve aprovação em quatro concorridas instituições públicas de ensino superior: USP, Unicamp, Unesp e Ufscar. Resultados que fortalecem as bandeiras em defesa de uma educação pública, gratuita, laica, obrigatória, de qualidade e universal. A escola pública universaliza o acesso à educação e potencializa muitos talentos. Há um crescente índice de ingressantes, oriundos da escola pública, nas mais importantes instituições de ensino superior em nosso estado e País. Dados divulgados apontam, por exemplo, que na Unicamp, do total de matriculados em 2014, 37% vieram das escolas públicas. As políticas de ações afirmativas, em instituições públicas, e programas como o ProUni — Universidade para todos — e o Sisu — Sistema Unificado de Seleção —, têm papel estratégico. O Profis — Programa Interdisciplinar de Formação Superior, da Unicamp, para estudantes das escolas públicas de Ensino Médio de Campinas é outro referencial. O Enem — Exame Nacional do Ensino Médio — ganhou relevância nesses processos. Mas, é determinante a postura dos alunos diante dos desafios que a trajetória escolar impõe. O desempenho dos alunos das escolas públicas nos cursos que ingressam surpreendem positivamente. A escola pública é, muitas vezes, injustiçada nas generalizações negativas. Que nem sempre se sustentam. Está no artigo 205 da Constituição Federal: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família...”. Estima-se que ainda há, no Brasil, cerca de 1,7 milhão de jovens entre 15 e 17 anos fora da escola. A matrícula em si não garante permanência. A evasão escolar é um desafio crônico. É necessário, há muito, por exemplo, um projeto específico para o Ensino Médio noturno. O trabalho infanto-juvenil é um dos fatores que afastam os jovens da escola, principalmente entre 16 e 17 anos. Ainda assim, diante de números tão alarmantes, tem prevalecido orientação burocrática, muito questionável, de fechamento de salas, sobretudo no ensino noturno com justificativa açodada de que não há demanda.

Segundo reportagem do Correio, 150 salas de aula foram fechadas em Campinas neste início de ano, na rede estadual. Paradoxalmente a imprensa mostra, em muitas escolas públicas, superlotação de salas. A Educação é elemento imprescindível para o desenvolvimento humano. A Escola pública tem papel de relevância, no processo que faz avançar para o desenvolvimento humano e social. Há, na escola pública e através dela, resultados animadores. Poderiam ter ainda expressões quantitativas maiores. Não são por vários fatores. A desvalorização social e profissional do docente, que pouco é efetivamente ouvido é um desses fatores. Outro fator negativo é a ausência da família. Sempre que há generalização, há risco de injustiças e equívocos. É o caso de abordagens contidas em análises sobre a escola pública, seus profissionais, seus alunos. Análises, por vezes, sustentadas em resultados de avaliações aplicadas como rotina, para cumprir cronograma. Os bons alunos também estão na escola pública.


Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 27/02/2015
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