ELEIÇÕES - A DEMOCRACIA BRASILEIRA



É tempo de decisão. As eleições presidenciais de 2014 apresentam-se como a mais acirrada dos últimos tempos. E o voto, valorizado nessa disputa intensa, mais que nunca nos pertence, individualmente, faz todo sentido,ainda que o nosso voto tenha sido, ou venha a ser,para candidatos não eleitos. Voto, um direito pessoal e intransferível, não deve ter cabresto.  O direito político de decidir nas urnas é ainda uma conquista recente dos brasileiros, se olharmos em perspectiva histórica. Há 30 anos o movimento Diretas Já mobilizava o país numa portentosa luta pelo direito de escolher o presidente da república. Inicialmente frustrada, enfim a conquista chegou e,de lá para cá, já tivemos vários presidentes eleitos, um inclusive cassado , outra saudável possibilidade da democracia.  Embora curto este mais recente período de democracia no Brasil, é significativo e rico. E estamos nós, todos os brasileiros, a caminho de escolher quem vai presidir o país entre 2015-2018. Se as campanhas centrais deixam a desejar no tocante a apresentar, com clareza, planos objetivos de ação para que o país supere suas muitas mazelas e demandas sociais, vale o poder do voto. O jogo, nem sempre leal, de ataque e defesa, de desqualificar conquistas havidas neste ou naquele governo, ou ainda a intensa propaganda ufanista, portanto acrítica, prejudica análises mais realistas, o que é lamentável.

Mas, ainda assim, é preciso reconhecer que a democracia brasileira, especialmente ressaltada em tempos de eleições presidenciais, é uma conquista de grande relevância. Para que nosso país alcançasse o atual padrão de democracia, em alguns aspectos ainda em aprimoramento constante,a luta foide muitos. Devemos, portanto, valorizá-la, exercendo o voto de forma livre e consciente. E antes desse período, mesmo em turbulências que a história registra, tivemos governos eleitos, cujo legado é sempre reconhecido, casos de Juscelino Kubitschek, apontado como um período de grande desenvolvimento econômico e cultural, ou Getúlio Vargas, com seu importante legado aos trabalhadores. Antes de ser eleito, Vargas manteve-se por muitos anos no poder, sem que tenha sido eleito. E na história política brasileira, o duro golpe de 1964  interrompe uma, historicamente, breve  fase democrática ao derrubar pela imposição de força o então presidente João Goulart. O período de 1964-1985 resulta numa longa e tenebrosa fase de privação das liberdades políticas e de direitos. Período marcado pelo exercício do monopólio do Executivo por generais, pela subordinação do Legislativo e do Judiciário, de cassações das vozes contrárias, da censura, da repressão militar-policial, prisões, assassinatos e o sumiço de opositores. Total arbítrio. Houve consolidação desse período de exceção entre 1968-1978, sob a dura sombra do Al-5, chamado de ato institucional, que leva ao extremo o arbítrio e a repressão.

Resistência corajosa não faltou. A oposição, então, passa da  brava  resistência  à  uma  contraofensiva  expressa na luta, via institucional,  pelas eleições diretas em 1984, pautada pela chamada emenda Dante de Oliveira,  um ponto marcante da nação brasileira com a expressão de milhões, em praças pelo país inteiro, em intensa mobilização. Nesse momento histórico, do exercício do voto, evidencia-se o valor dessa democracia, de poder escolher e o valor do sufrágio. E numa análise necessária, em dimensões de objetividade, diante do cenário político que, no Brasil,  se consolida a cada biênio, é preciso estar atento, e forte, como diz a letra de uma música dos anos 1960, também em relação ao maniqueísmo reducionista. Ao longo de toda a história, incluindo a história política brasileira, posições maniqueístas, que levam à cegueira política, justificaram totalitarismos à direita e à esquerda.

A democracia não coaduna com a ideia que condiciona a aceitação somente quando as forças pelas quais se milita saíram vencedoras. Uma das duas forças, que estão em disputa, será eleita. E a trajetória de luta do povo brasileiro continuará. Na esperança de que tenhamos, um dia, um país com muito menos desigualdade social, garantindo para esse povo batalhador, saúde, educação, moradia, proteção social, entre tantos outros direitos, sem tutela política, falácias ou tergiversações. Com qualidade e perspectivas sólidas e igualitárias de efetivo desenvolvimento social.


Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 24/10/2014
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