Cultura - O renascer de uma biblioteca



“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”
(Paulo Freire)

A biblioteca, na sua instalação física, concreta, real, mesmo em tempos de intensas movimentações em redes sociais e meios digitais, é um recurso imprescindível, indispensável mesmo, tanto nos processos de busca do conhecimento e de informações culturais, formação do leitor e ampliação do hábito de leitura e em perspectivas do desenvolvimento educacional na sua forma mais estrita. Reveste-se, assim, de grande importância, sob muitos aspectos, o resultado obtido, da ação comunitária e associativa, com participação da Sanasa, que trouxe um verdadeiro presente de fim de ano para nossa Campinas. A reabertura da Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, localizada no Bosque dos Italianos, em Campinas. E responde ao Manifesto da UNESCO (1994) que avalia ser “a biblioteca pública, porta de acesso local ao conhecimento e à informação, proporcionando as condições básicos para uma aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão independente e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais.” Bibliotecas públicas são, em tal perspectiva, instrumentos da cidadania.

Um espaço cultural relevante como ponto de acesso à leitura, consequentemente, conhecimento e cultura. A biblioteca ora resgatada foi, em princípio, uma expansão da Biblioteca Pública Municipal "Professor Ernesto Manoel Zink", a nossa atual biblioteca pública municipal central. Posteriormente funcionou no Bosque dos Jequitibás, espaço que além de revitalização geral carece de uma biblioteca pública. Em 1979, por meio de Decreto Municipal do Prefeito Municipal Francisco Amaral, passou a ser denominada "Monteiro Lobato". Passou a estar no atual espaço em 1985, na gestão de José Roberto Magalhães Teixeira. Em 2008 foi fechada diante do deplorável estado de conservação de suas instalações. Além dela Campinas possui outras três bibliotecas municipais, a Central, já mencionada uma no Bairro Bonfim e outra no Distrito de Souzas. Todas precisam de manutenção e atualização permanentes, inclusive de acerto.

Que o poder público municipal, prestes a ingressar em um novo momento, alvissareiro, possa dar a elas, a justa e esperada prioridade. Que aponte claramente também em sentido de ampliação, expandindo o número de bibliotecas municipais para outras áreas da cidade, como nas regiões do Ouro Verde, Campo Grande, Distritos de Barão Geraldo e Aparecida,entre outros. As bibliotecas têm como Missão, reunir, tratar, preservar e difundir o patrimônio histórico e cultural acumulado e, em especial, o que retrata a memória de Campinas, garantindo à população o direito de acesso e uso gratuito da informação. E um espaço comunitário para toda a família, uma outra necessidade, bastante demanda por toda a cidade, espaços de convivência e lazer. Que a ação que resultou no resgate de uma biblioteca pública, acima de tudo um ato de efetiva cidadania, possa inspirar outras iniciativas similares na cidade.


A realidade já traz de volta um espaço utilizado por muitos anos e algumas gerações. Novas gerações também passam a contar com este espaço resgatado, na sua formação e no seu lazer. Merecido presente para esta cidade, a mais importante do interior brasileiro e, paradoxalmente, tão carente de espaços de cultura que fomentem vivência, integração e desenvolvimento humano. No caso, através de um espaço que concilia a natureza e o acesso às palavras.


Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 03/12/2012
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