Lima Duarte, ator brasileiro ímpar
“... A arte não brota na Universidade, mas sim nas ruas, nos olhares, nas pessoas, nas contradições sociais. Cabe à Universidade codificá-la, compreendendo-a e estudando-a.” (Lima Duarte, no IV SIMTEC, Unicamp)
Lima Duarte, expressão ímpar na arte da interpretar, esteve recentemente na Unicamp para receber, em primeira edição, o Prêmio Simtec, do Simpósio de Profissionais da Unicamp — uma láurea que o conjunto desses profissionais, no evento bienal, passa a conceder a uma personalidade brasileira. Portanto, Lima Duarte, com muita justiça, foi o primeiro a receber a láurea. O evento tem como objetivo principal reafirmar o papel e a contribuição dos funcionários da universidade, no esforço institucional dela, com os segmentos que a compõem, docentes e alunos, com reconhecimento nacional e internacional por sua excelência na pesquisa, no ensino e nas ações de extensão, de forte impacto na sociedade. A láurea, um reconhecimento ao engenho, à arte e à competência, possibilita necessárias reflexões. O Brasil é injusto com seus inúmeros talentos, ao não homenageá-los na justa medida, não pelo ato em si, mas para agradecê-los, valorizá-los e chamar a atenção, em especial das novas gerações, sobre aspectos da nossa trajetória cultural, tantas vezes desconsiderados.
Lima Duarte é um ator muito premiado e merecedor do título concedido pelos profissionais da Unicamp, um quadro também de muito talento e competência. Muito bom que as homenagens ocorram sempre e não apenas quando, talvez, não faça mais sentido para o homenageado. A mãe de Lima, sobre a qual ele muito falou na ocasião da passagem pela Unicamp, num auditório repleto, emocionado e absolutamente atento aos “causos” deste grande ator, trabalhava em circoteatro e ali começou a paixão dele pela arte. Seu primeiro papel, no circo, foi numa peça chamada "A Ladra", onde a mãe fazia o papeltítulo e ele, o filho. Aos 15 anos veio para São Paulo, num caminhão de manga, e começou a trabalhar no Mercado da Cidade.
Pioneiro, esteve na cena da fundação da televisão brasileira, em setembro de 1950. E, no evento da Unicamp, falou disso com orgulho. É a televisão, há décadas, é um meio de comunicação, de entretenimento e informação que alcança praticamente todos os brasileiros. Dialoga com o nosso povo e nesta interlocução, Lima tem forte presença. A teledramaturgia brasileira, pela qualidade, alcança muitos países. Nela Lima Duarte fez "TV de Vanguarda", destacando-se entre eles: "O Julgamento de João Ninguém", "Hamlet", "Otelo", "Macbeth". Dirigiu a novela Beto Rockfeller, produção do final dos anos 1960, na extinta TV Tupi, que em tempos de ditadura e censura inovou, distanciando-se de uma linha dramática, que prevalecia nas novelas, ao adotar o tom coloquial nos diálogos, com gírias e expressões do cotidiano. Com a vida real presente, pois as notícias dos jornais e as fofocas da época eram comentadas pelos personagens. Sua voz também deu fala, entre outras dublagens, ao Mandachuva, parte da memória afetiva de muitos brasileiros. Na tevê tem personagens memoráveis, entre eles Zeca Diabo, Sinhozinho Malta e, o seu preferido, o Sassá Mutema. Quem ousaria discordar do seu personagem, em Roque Santeiro, ao expressar o bordão “to certou ou to errado”? No teatro já fez: “Tartufo” e "Arena Conta Zumbi". Apresentou-se em Paris e Moscou.
Marcou presença em mais de 30 filmes e foi o apresentador do programa Som Brasil, por quatro anos. Generoso em sua brasilidade propaga sempre que seu autor preferido é o também grande Guimarães Rosa, sobre o qual diz ser “ seu livro de todos os dias”. Esse grande ator que nasceu numa pequena cidade de nome longo, Nossa Senhora da Purificação do Desemboque e do Sagrado Sacramento, no Triângulo Mineiro soube, num auditório da universidade, estabelecer conexão impressionante com o público. A homenagem foi unânime e emocionante. O auditório transformou-se numa casa para Ariclenes Venâncio Martins, o nosso Lima Duarte. Que recebeu o símbolo do reconhecimento das mãos do Coordenador geral e ViceReitor da Unicamp, o emérito historiador Edgar Salvadori De Decca, pelo conjunto de sua obra como artista e cidadão. Homenagem ampliada com a grata e criativa participação do Coral Unicamp Zíper na Boca, com peças musicais brasileiras. Brasileiro é o homenageado. Brasileira é a Unicamp, a mais cosmopolita universidade brasileira.
Lima Duarte, expressão ímpar na arte da interpretar, esteve recentemente na Unicamp para receber, em primeira edição, o Prêmio Simtec, do Simpósio de Profissionais da Unicamp — uma láurea que o conjunto desses profissionais, no evento bienal, passa a conceder a uma personalidade brasileira. Portanto, Lima Duarte, com muita justiça, foi o primeiro a receber a láurea. O evento tem como objetivo principal reafirmar o papel e a contribuição dos funcionários da universidade, no esforço institucional dela, com os segmentos que a compõem, docentes e alunos, com reconhecimento nacional e internacional por sua excelência na pesquisa, no ensino e nas ações de extensão, de forte impacto na sociedade. A láurea, um reconhecimento ao engenho, à arte e à competência, possibilita necessárias reflexões. O Brasil é injusto com seus inúmeros talentos, ao não homenageá-los na justa medida, não pelo ato em si, mas para agradecê-los, valorizá-los e chamar a atenção, em especial das novas gerações, sobre aspectos da nossa trajetória cultural, tantas vezes desconsiderados.
Lima Duarte é um ator muito premiado e merecedor do título concedido pelos profissionais da Unicamp, um quadro também de muito talento e competência. Muito bom que as homenagens ocorram sempre e não apenas quando, talvez, não faça mais sentido para o homenageado. A mãe de Lima, sobre a qual ele muito falou na ocasião da passagem pela Unicamp, num auditório repleto, emocionado e absolutamente atento aos “causos” deste grande ator, trabalhava em circoteatro e ali começou a paixão dele pela arte. Seu primeiro papel, no circo, foi numa peça chamada "A Ladra", onde a mãe fazia o papeltítulo e ele, o filho. Aos 15 anos veio para São Paulo, num caminhão de manga, e começou a trabalhar no Mercado da Cidade.
Pioneiro, esteve na cena da fundação da televisão brasileira, em setembro de 1950. E, no evento da Unicamp, falou disso com orgulho. É a televisão, há décadas, é um meio de comunicação, de entretenimento e informação que alcança praticamente todos os brasileiros. Dialoga com o nosso povo e nesta interlocução, Lima tem forte presença. A teledramaturgia brasileira, pela qualidade, alcança muitos países. Nela Lima Duarte fez "TV de Vanguarda", destacando-se entre eles: "O Julgamento de João Ninguém", "Hamlet", "Otelo", "Macbeth". Dirigiu a novela Beto Rockfeller, produção do final dos anos 1960, na extinta TV Tupi, que em tempos de ditadura e censura inovou, distanciando-se de uma linha dramática, que prevalecia nas novelas, ao adotar o tom coloquial nos diálogos, com gírias e expressões do cotidiano. Com a vida real presente, pois as notícias dos jornais e as fofocas da época eram comentadas pelos personagens. Sua voz também deu fala, entre outras dublagens, ao Mandachuva, parte da memória afetiva de muitos brasileiros. Na tevê tem personagens memoráveis, entre eles Zeca Diabo, Sinhozinho Malta e, o seu preferido, o Sassá Mutema. Quem ousaria discordar do seu personagem, em Roque Santeiro, ao expressar o bordão “to certou ou to errado”? No teatro já fez: “Tartufo” e "Arena Conta Zumbi". Apresentou-se em Paris e Moscou.
Marcou presença em mais de 30 filmes e foi o apresentador do programa Som Brasil, por quatro anos. Generoso em sua brasilidade propaga sempre que seu autor preferido é o também grande Guimarães Rosa, sobre o qual diz ser “ seu livro de todos os dias”. Esse grande ator que nasceu numa pequena cidade de nome longo, Nossa Senhora da Purificação do Desemboque e do Sagrado Sacramento, no Triângulo Mineiro soube, num auditório da universidade, estabelecer conexão impressionante com o público. A homenagem foi unânime e emocionante. O auditório transformou-se numa casa para Ariclenes Venâncio Martins, o nosso Lima Duarte. Que recebeu o símbolo do reconhecimento das mãos do Coordenador geral e ViceReitor da Unicamp, o emérito historiador Edgar Salvadori De Decca, pelo conjunto de sua obra como artista e cidadão. Homenagem ampliada com a grata e criativa participação do Coral Unicamp Zíper na Boca, com peças musicais brasileiras. Brasileiro é o homenageado. Brasileira é a Unicamp, a mais cosmopolita universidade brasileira.
Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 18/11/2012
Lima Duarte, ator brasileiro ímpar
Reviewed by Edison Lins
on
05:52
Rating: