DIA DOS PAIS - Pai, educação e vínculo familiar



Uma forma de perceber a relevância de algo é avaliar pela sua ausência. Assim, a importância do pai na caminhada do ser humano pode ser sentida pelas consequências da falta dele. Isso valoriza ainda mais o ato da paternidade, a biológica e as de outras composições, e acentua o desafio do chamamento à paternidade responsável. Valoriza também o ato de adoção e o papel daqueles que desempenham papel de pai, em diversos formatos. Há espaço privilegiado para atuação de cuidadores dentro ou fora da esfera da consanguinidade. A dimensão afetiva, em todas essas situações, é determinante na estruturação e no rumo tão incerto, que muitas vidas, sem a importante figura, tomam.

Recente levantamento feito pelo Ministério Público (MP) de São Paulo aponta que dois em cada três jovens infratores vêm de famílias que não têm a figura do pai dentro de casa. O estudo considerou população de 1.500 jovens entre 12 e 20 anos que cometeram delitos na cidade de São Paulo entre 2014 e 2015. Desse universo, 42% dos jovens, além de não viverem com o pai, não tinham nenhum contato com ele. Nesse triste cenário, a educação não pode ser vista como a panaceia que resolverá todos os males de um agudo quadro social, como há no Brasil. Observa-se, no entanto, que a falta dela tem também profundo impacto negativo.

O estudo revela que, além da família desestruturada, outro problema que induz as crianças e adolescentes ao crime é o distanciamento da escola. A pesquisa aponta que para esses jovens a escola é pouco atrativa. É, de fato, bastante dicotômica a relação entre a chamada universalização do acesso à escola e a permanência efetiva nela. De acordo com a referida pesquisa, apenas 57% dos adolescentes infratores estudam. Causa estranheza que num cenário assim haja fechamento de escolas ou de salas de aula.

Os dados de acompanhamento pelo período de um ano permitem concluir que a paternidade irresponsável, a evasão escolar e o comsumismo são fatores que explicam a ocorrência do ato infracional. A Na falta de orientação agem com a falsa sensação de que o crime compensa. No processo de formação falta, na estrutura familiar, uma ação enfática de quebra dessa noção. A existência de um efetivo vínculo familiar, na qual a presença do pai é necessária, e a qualidade desse vínculo, explicam, pelo universo da pesquisa, o destino errante desses jovens. Não obstante o papel heroico das mães e de outros integrantes do núcleo familiar. A qualidade desse vínculo também tem relevância. A presença do pai precisa também significar uma relação positiva. Como contraposição e posicionamento à complexa crise que acomete a nossa sociedade, em diversos aspectos: social, político, econômico e de valores morais.

A família tem papel de extrema importância na formação, na educação, no preparo para a convivência e os enfrentamentos que a vida pode requerer. Nesse processo a presença do pai se faz imprescindível. Cada um de nós pode constatar isso olhando para a própria caminhada. O vínculo, de qualidade afetiva, torna-se fundamental. A composição familiar pode variar. Na sociedade contemporânea a composição tradicional de família se mantém. Surgem, no entanto, outros formatos. A paternidade irresponsável pode provocar a necessidade de adaptações. A ausência do pai biológico faz surgir figuras que assumem formas efetiva e significativamente paternas. O vínculo de qualidade afetiva é muito importante em qualquer composição familiar.

Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 13/08/2016
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