50 anos - Patrulheirismo, nobre missão

Não é de agora que o desafio de gerar oportunidades para o desenvolvimento educacional e humano dos adolescentes e jovens tem relevância no campo das políticas sociais, em nosso País. Há instituições fundamentais e o Centro de Aprendizagem e Mobilização pela Cidadania – o CAMPC, que acaba de completar profícuos 50 anos, tem papel ímpar nesse cenário. E o faz com a seriedade, dedicação, foco e interação com a sociedade, que devem mesmo caracterizar tais organizações. Mais de 90 mil jovens foram alcançados nesse meio século do CAMPC. É enorme, então, a gratidão da sociedade e de todos os que foram e são patrulheiros, à instituição que cumpre a nobre e relevante missão para o desenvolvimento humano. Abrir a porta, mas, também mostrar, para adolescentes, a responsabilidade própria no percurso da vida. O primeiro emprego concomitante ao vínculo escolar, explica os excelentes resultados alcançados por milhares de menores.

Uma instituição de tamanha importância é feita por pessoas abnegadas em prol da melhoria social coletiva. Tornam-se, com muita justiça, merecedores, a instituição e as pessoas que fazem acontecer o cumprimento de sua missão. De forma positivamente emblemática quero referir-me à sra. Maria Angélica Barreto Pyles. Figura generosa, austera nos princípios de disciplina e de compromisso, sem os quais não há crescimento pessoal. Uma admirável mulher do nosso tempo, cujas ações generosas extrapolam em muito os muros significativos do CAMPC. Presidindo atualmente o Conselho Deliberativo da instituição tem, a mui querida senhora, perene e importante papel para muitos que hoje são chefes de família, profissionais nas mais diversas áreas e que, de forma espontânea a elegem como referência de vida.

Na recente solenidade comemorativa dos 50 anos ela foi aplaudida de forma emocionante pelos atuais e pelos que já foram patrulheiros nessas cinco décadas. O encontro de gerações permitiu o justo reconhecimento ao trabalho da grande instituição e também fez as novas gerações de patrulheiros enxergarem um potencial objetivo para suas vidas. “Preparando Jovens, Transformando vidas” é, portanto, mais que um slogan. Realiza-se na prática e nos resultados da vida daqueles que trilharam e trilham percurso humano exitoso. No cuidado e nas orientações o resultado da transformação de destinos, então, incertos. Toda a equipe do CAMPC, presidida pelo prof. Lisandro Pavie Cardoso, docente da Unicamp, foi amplamente reconhecida, pelas autoridades e pelo público presente.

O Brasil vive um agudo cenário de desemprego. Conforme pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a falta de emprego entre os jovens brasileiros de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior que entre os adultos com mais de 24 anos. Aqui uma fortíssima razão que fundamenta o trabalho do CAMPC e instituições semelhantes. Os jovens precisam ser preparados para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. A qualidade do ensino na rede pública, que acolhe praticamente todos os adolescentes vinculados ao Centro, é uma luta que precisa ser cada vez mais de toda a sociedade. Assim como o acesso aos bons cursos profissionalizantes, fatores que impõem aos jovens pobres uma realidade desafiadora. A Educação precisa ser forte aliada desses jovens, tanto na formação pessoal como nas trilhas profissionais. Não fechar espaços de educação pública, especialmente no período noturno, tem que ser ato de resistência. Aqui o CAMPC também cumpre relevante papel ao suprir, com ênfase, o reforço na formação cidadã, com valores, princípios e consolidação de vínculos familiares e sociais.

O trabalho de organizações como o CAMPC precisa ser consolidado com políticas públicas de permanência dos jovens no mercado de trabalho. Deve ser essa uma das prioridades do governo e da sociedade para que haja ruptura definitiva com o risco de perder os avanços que os jovens obtiveram pela ação da CAMPC e congêneres. Tais instituições impedem que prosperem, para muitos jovens, os ciclos que os condenam à exclusão e ao risco de marginalização. E gerar oportunidades de emprego, desenvolvimento educacional e profissional são aspectos fundamentais para dar motivação e idealismo aos jovens. São eles o grande capital humano e a aposta em melhor futuro para si, suas famílias e o País. E quem sabe, com esse trabalho valioso, formar lideranças para melhor gerir a complexa sociedade brasileira.

É tempo de celebrar meio século de sua ação, iniciada em maio de 1966, pelo dr. Roland Peres, então juiz substituto da Primeira Vara Criminal e de Menores, e pela senhora Maria Angélica Barreto Pyles. Em 1968, oficializada a entidade Patrulheiros Mirins de Campinas, a sede ficava no subsolo do Palácio da Justiça. Hoje, em instalações muito adequadas, expressa fisicamente o desenvolvimento da instituição. Uma instituição que cumpre, ao lado de outras organizações do mesmo quilate, uma nobre missão na etapa mais decisiva da vida. Reconhecer, individual e socialmente, os resultados impactantes, é fazer justiça e apostar no desenvolvimento profissional e educacional, como fatores que tornam melhor a nossa sociedade. Parabéns CAMPC!




Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 04/06/2016
50 anos - Patrulheirismo, nobre missão 50 anos - Patrulheirismo, nobre missão Reviewed by Edison Lins on 06:21 Rating: 5
Tecnologia do Blogger.