A atualidade de Vidas Secas
Vidas Secas é um importante romance da literatura brasileira, escrito por Graciliano Ramos em 1938, e aborda com propriedade literária a saga de uma família, e sua cadela, a Baleia, personagem importante no enredo, diante da seca nordestina. E, na trama, as várias consequências que o fator climático impõe aos personagens, no caso, representativos de uma época e também na atualidade, visto que a seca continua a assolar o Nordeste brasileiro. Vidas Secas foi filmado em 1963, classificado como gênero drama, dirigido pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, no sertão alagoano. Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo Bristish Film Institute como uma das 360 obras fundamentais, de vários países, em uma cinemateca que seja expressiva. O filme é bastante representativo do movimento chamado de Cinema Novo, marcante por abordar questões sociais do Brasil.
A seca nordestina ainda provoca muita instabilidade para o laborioso povo nordestino, que forçosamente acaba migrando para outras regiões do País em busca de melhores condições climáticas e assim melhores condições de vida. Era assim, quando o livro foi escrito, ou há 50 anos quando a obra foi filmada. Não muito diferente nessa segunda década de um novo século. O livro está presente na lista dos principais vestibulares brasileiros,por exemplo, na lista da Unicamp, USP e Unesp. É também conteúdo curricular da etapa final do Ensino Médio. A história narra que, pressionada pela seca, uma família de retirantes atravessa o sertão em busca de meios para sobreviver. Chegam a um casebre abandonado, nas terras de um fazendeiro. Ali se instalam, vem a chuva esporádica. Ainda hoje são frequentes cenas de um povo religioso clamando aos céus pela chuva, esperança e necessidade para quem não tem o precioso líquido para necessidades prementes. Voltando à ficção, também realidade, a chuva traz a recuperação dos pastos. Com isso o proprietário retorna com o gado, e, em princípio, os repele. Em meio à humilhação provocada por uma condição humana recorrente no cenário da desigualdade social brasileira, já que a família pode ajudar em vários serviços, são aceitos como força de trabalho.
As famílias, como tantas na época e também agora, têm esperança de melhorias na sua condição de vida. Antes de tudo, um direito humano. A mulher, a batalhadora Sinhá Vitória, sonha com uma cama com colchão de couro e Fabiano, marido, almeja ter seu próprio gado. Mas, depois de um ano de muito trabalho e dificuldades, percebem que a miséria da família persiste e nova seca está para assolar novamente o sertão. E isso ainda ocorre, neste Brasil tão rico e tão desigual. Trazendo a realista ficção para os tempos atuais, o Nordeste brasileiro sofre as consequências da pior seca em décadas.
Há 50 anos o romance Vidas Secas, que tão bem retrata a situação, tornou-se filme de referência. E a situação continua atual. Em maio, o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, mostrou as consequências de mais uma seca. A reportagem mostrou cenas de um Brasil que não muda, ainda que se tenha tecnologia de ponta e muitas pesquisas que apontam formas de solucionar a questão da seca, como ocorreu em outros países com situação semelhante. Na reportagem, disponível em http://g1.globo.com/profissaoreporter/, podemos ver que em Pernambuco, um milhão de cabeças morreu por falta de pasto. Na Paraíba, a situação de pequenos agricultores, muitos analfabetos, outro fator da desigualdade social, que tomaram empréstimos e diante da seca não conseguem pagar e protestam, levando carcaças de bois para a frente de uma agência bancária. No Piauí, pequenos agricultores não conseguem colher nada e alimentam a família com o auxílio que recebem do governo e alguma caça. Chegam a pegar pombos. A água para cozinhar e consumo vem de poças da chuva rara. A reportagem mostra o primeiro dia de trabalho do filho mais velho numa padaria. E o pai teme o dia em que terá que fazer o mesmo. Cenas que reforçam a atualidade de Vidas Secas, importante romance da literatura brasileira. E a reportagem ainda mostra uma cidade que, como muitas outras, pelo Brasil afora, ainda não tem água encanada. E a população está consumindo água contaminada. Situações atuais, abordadas pela ficção em épocas do século passado. Cenas de um Brasil que insiste em não mudar. E convive com altos índices de trabalho infantil, da exploração sexual, acesso restrito à educação básica, embora se divulgue sermos uma das maiores economias mundiais. De que vale isso se faltam condições básicas para milhões de brasileiros? No Nordeste e pelo País afora.
A seca nordestina ainda provoca muita instabilidade para o laborioso povo nordestino, que forçosamente acaba migrando para outras regiões do País em busca de melhores condições climáticas e assim melhores condições de vida. Era assim, quando o livro foi escrito, ou há 50 anos quando a obra foi filmada. Não muito diferente nessa segunda década de um novo século. O livro está presente na lista dos principais vestibulares brasileiros,por exemplo, na lista da Unicamp, USP e Unesp. É também conteúdo curricular da etapa final do Ensino Médio. A história narra que, pressionada pela seca, uma família de retirantes atravessa o sertão em busca de meios para sobreviver. Chegam a um casebre abandonado, nas terras de um fazendeiro. Ali se instalam, vem a chuva esporádica. Ainda hoje são frequentes cenas de um povo religioso clamando aos céus pela chuva, esperança e necessidade para quem não tem o precioso líquido para necessidades prementes. Voltando à ficção, também realidade, a chuva traz a recuperação dos pastos. Com isso o proprietário retorna com o gado, e, em princípio, os repele. Em meio à humilhação provocada por uma condição humana recorrente no cenário da desigualdade social brasileira, já que a família pode ajudar em vários serviços, são aceitos como força de trabalho.
As famílias, como tantas na época e também agora, têm esperança de melhorias na sua condição de vida. Antes de tudo, um direito humano. A mulher, a batalhadora Sinhá Vitória, sonha com uma cama com colchão de couro e Fabiano, marido, almeja ter seu próprio gado. Mas, depois de um ano de muito trabalho e dificuldades, percebem que a miséria da família persiste e nova seca está para assolar novamente o sertão. E isso ainda ocorre, neste Brasil tão rico e tão desigual. Trazendo a realista ficção para os tempos atuais, o Nordeste brasileiro sofre as consequências da pior seca em décadas.
Há 50 anos o romance Vidas Secas, que tão bem retrata a situação, tornou-se filme de referência. E a situação continua atual. Em maio, o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, mostrou as consequências de mais uma seca. A reportagem mostrou cenas de um Brasil que não muda, ainda que se tenha tecnologia de ponta e muitas pesquisas que apontam formas de solucionar a questão da seca, como ocorreu em outros países com situação semelhante. Na reportagem, disponível em http://g1.globo.com/profissaoreporter/, podemos ver que em Pernambuco, um milhão de cabeças morreu por falta de pasto. Na Paraíba, a situação de pequenos agricultores, muitos analfabetos, outro fator da desigualdade social, que tomaram empréstimos e diante da seca não conseguem pagar e protestam, levando carcaças de bois para a frente de uma agência bancária. No Piauí, pequenos agricultores não conseguem colher nada e alimentam a família com o auxílio que recebem do governo e alguma caça. Chegam a pegar pombos. A água para cozinhar e consumo vem de poças da chuva rara. A reportagem mostra o primeiro dia de trabalho do filho mais velho numa padaria. E o pai teme o dia em que terá que fazer o mesmo. Cenas que reforçam a atualidade de Vidas Secas, importante romance da literatura brasileira. E a reportagem ainda mostra uma cidade que, como muitas outras, pelo Brasil afora, ainda não tem água encanada. E a população está consumindo água contaminada. Situações atuais, abordadas pela ficção em épocas do século passado. Cenas de um Brasil que insiste em não mudar. E convive com altos índices de trabalho infantil, da exploração sexual, acesso restrito à educação básica, embora se divulgue sermos uma das maiores economias mundiais. De que vale isso se faltam condições básicas para milhões de brasileiros? No Nordeste e pelo País afora.
Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 04/10/2013
A atualidade de Vidas Secas
Reviewed by Edison Lins
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11:33
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